Certificações responsáveis: uma tendência ou uma necessidade? Parte 3- Saúde e Segurança Ocupacional

 



Certificações responsáveis.
Parte 3- Saúde e Segurança Ocupacional

por Adson Naccarati

Nesta série de posts do nosso blog, sobre certificações responsáveis, vamos agora falar um pouco sobre as questões relativas à saúde e segurança ocupacionais, conhecidas também pela sigla SSO.

Se você perdeu as outras matérias responsáveis, veja nos links abaixo:

 Meio ambiente:

https://blog.anaccarati.com.br/2021/08/certificacoes-responsaveis-uma.html

 Responsabilidade social:

 https://blog.anaccarati.com.br/2021/08/certificacoes-responsaveis-uma_24.html

A certificações responsáveis, têm sempre como foco principal, o ser humano e a sociedade. Assuntos já tratados aqui no blog, como meio ambiente e responsabilidade social, por exemplo, têm sempre como pano de fundo, a qualidade de vida e a preservação da sociedade.

Ainda neste tom, a saúde e a segurança ocupacional, tem um papel fundamental, objetivando a integridade física e psicológica de todos aqueles que se expõem a riscos, para prover sustento a si e aos seus familiares.

Historicamente no mundo, as questões relacionadas à saúde e segurança ocupacional sempre tiveram o lugar de pouco destaque e pouca atenção, sendo erroneamente levada a um plano focado no atendimento legal puro e simples.

Mais recentemente, com a velocidade cada vez mais rápida das informações, fazendo com que a sociedade esteja praticamente em tempo real acompanhando todos os fatos, as pessoas começam a entender o impacto negativo de qualquer questão ligada à acidentes, ou consequências sobre a saúde de trabalhadores e da comunidade.

No Brasil, os recentes episódios ligados à mineração de Brumadinho, impactaram a opinião pública, fazendo com que esta questão fosse vista de maneira bem diferente.

Mas existe outro lado bem mais próximos do nosso dia a dia, ligados à SSO.

Segundo pesquisa realizada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi https://imprensa.portaldaindustria.com.br/ ), 48% das indústrias afirmam que as ações para aumentar a SSO e promover a saúde de trabalhadores reduzem as faltas ao trabalho;  43,6% indicam aumento na produtividade e 34,8% identificam redução de custos com tais ações. 

Mas com todos esses dados importantes, porque ainda o assunto SSO parece não ter a atenção devida?

Parte disso é explicado pelo fato de que questões de médio e longo prazo, como o caso da segurança, caso não tenham uma sistemática estratégica devida, só serão lembradas no momento de acidentes ou situações impactantes que chamem a atenção pontualmente. E nestes momentos o que resta a fazer, é tentar mitigar os danos já produzidos.

Por esta razão é tão importante ter uma sistemática de gestão ocupacional estratégica.

Pense comigo: as empresas preocupam-se em colocar números de indicadores de afastamentos. “Tantos dias sem acidentes...” mas muito poucas, tem um histórico ou um estudo que baseie ações sobre riscos e motivos das tais paradas.

Neste artigo vamos colocar algumas situações importantes para você poder colocar em prática a sua gestão ocupacional estratégica.

E lembre-se: isto não depende do tamanho da organização ao qual você pertence. A diferença de tamanho só impacta na dificuldade de execução das ações, que na sua essência são as mesmas.

 

Defina a sua gestão ocupacional estratégica

Aqui você deverá definir quais são os objetivos do seu programa ligado à SSO. Uma dica é que estes objetivos não são simplesmente diminuir acidentes, mas fazer uma abordagem ampla não só dos riscos de ocorrerem quaisquer categorias de incidentes, mas também de garantir a performance e o conforto de todos aqueles colaboradores que estão sob este teto.

A gestão ocupacional então, trabalha ações em cima de 3 pontos fundamentais: os riscos das atividades diretas e indiretas, as estatísticas sobre acidentes e incidentes, e a conscientização contínua de colaboradores e chefias.

Pense em uma certificação  ISO 45001

Inegavelmente trabalhamos melhor quando temos objetivos maiores do que nossos próprios. Uma certificação desta natureza, além de trazer uma visibilidade importantíssima de mercado, propicia uma estrutura mensurável de resultados ligados à SSO. Além disso, a ISO 45001 alinha-se a outros sistemas ISO, que se já estiverem dentro da sua organização, permitem uma adequação a 45000 extremamente rápida, e com o mínimo impacto negativo nas atividades diárias.

DSS e DDS

Os diálogos de segurança são práticas já muito usuais nas organizações, focando na conscientização de atitudes seguras, entre outros assuntos pertinentes. Infelizmente os diálogos de segurança normalmente são reuniões sem muita preparação, perdendo muitas vezes o foco e tendo uma eficiência mais baixa. Então seguem algumas dicas:

  • Faça uma ata fixa de assuntos que devem sempre acontecer nos diálogos.
  • Reserve um tempo da reunião para falar sobre os riscos identificados.
  • Ao final do diálogo sempre produza algum material e divulgue.
  • Nunca esqueça de discutir sobre números, indicadores e outros controles.
  • Insira alguns conhecimentos técnicos sobre boas práticas de segurança , epi’s etc...
  • Separe alguma matéria ou algum caso público dentro do contexto e comente.

Aqui também você pode fazer uma pesquisa, para que você tenha a exata noção da percepção que todos os colaboradores têm, em relação ao seu ambiente e o quanto seguro eles se sentem.

ToDo

Aqui, trata se de ter uma lista de afazeres de maneira controlada e focada em um objetivo. Listas ToDo (a fazer) normalmente seguem alguns dos itens do 5W1H, mais especificamente “o que fazer”, “como fazer”, “quem fará”, “para quando deve estar pronto”.

Grande parte das coisas definidas nas listas ToDo, vem dos diálogos e de outras análises feitas dentro da sua gestão ocupacional estratégica. É importante é que essas listas estejam à vista de todos, e devem necessariamente estar sendo monitoradas e seus resultados percebidos.

Gestão de  riscos

A legislação já prevê a confecção de um mapa de riscos. A limitação disso é que esses riscos estão definidos de uma maneira muito superficial.

Para você ter um estudo de risco efetivo, o mapa de risco é somente um início. Siga alguns desses passos:

  • Monte seu mapa de riscos
  • Detalhe cada atividade que é feita em cada uma das áreas definidas para os riscos
  • Liste todos os perigos (o que pode acontecer) e faça a ligação destes acontecimentos com os riscos identificados (consequências)
  • Para esta lista de perigos, relacione ações de mitigação e oportunidades de melhoria.

Desta forma, você terá uma gestão de riscos mais eficiente, com tratativas específicas para todos os detalhes com um potencial de risco.

Propaganda é a alma do negócio

De todas as ferramentas que você pode utilizar, a conscientização é a mais poderosa. Conscientizar passa primeiro pela fase de convencimento. Atrás de qualquer acidente sempre existe uma atitude insegura. Muitas vezes essa atitude parte de um mau dimensionamento das consequências dos atos.

Por essa razão é tão importante que o assunto saúde e segurança ocupacional seja a pauta de uma campanha interna forte. Mostrar as facetas de todos os incidentes e acidentes, voltar à esses assuntos com os novos funcionários, sempre focando na instrução como base da conscientização.

Concluindo

De uma forma geral, os programas focados em saúde e segurança ocupacional das organizações, são uma base fundamental da entrega, dedicação, envolvimento, e, por que não dizer, admiração dos colaboradores em relação às suas organizações.

Seguindo a tônica desta série de matérias, o investidor e o consumidor também estão focados nesta questão. Não existe uma maneira mais eficiente de afastar clientes e investidores do que apresentara uma organização insegura, com fortes probabilidades de problemas de curto prazo Legais e sociais.

Cabe aos gestores, diretores e outras autoridades formais das organizações, o desafio de cumprir a legislação, conhecer a fundo o seu bioma organizacional, com auxílio de indicadores de desempenho, trabalhando na qualidade de vida daqueles aos quais dependem seus resultados.

Alguém já disse uma vez, que o que diferencia lideranças modernas de outros modelos ultrapassados, é a capacidade de poder gerenciar o longo prazo.

Pense nisso.

Sucesso

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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